quinta-feira, 27 de novembro de 2014

[...]












Foi em Setembro
que reabri suas cartas - aquelas que escreveu antes do carnaval -
e me esqueci que estava vivo
Fui morto em Setembro
por algumas palavras que voaram
como tiros
num silêncio que nem no mais profundo local do oceano
pode se conseguir.
Espero ver borboletas azuis
em breve
ou cores novas que podem se desdobrar
numa ilusão descontrolada
e metamorficamente
construída em sensações
de uma epifania











[junior ferreira]


[...]












Sinto falta de pessoas boas na vida.
Daquele cheiro de abraço
e daquele sorriso de que não quer partir.

Sinto falta da vida.
Não essa, a qual apenas se sustenta nas pernas,
mas a falta de viver em si.

E se falar o quão saudoso
nos tornamos em relação as coisas boas da vida,
gastaremos a eternidade
mencionando momentos
e memórias que nos deixam
nostálgicos e com um sorriso
paralizado no rosto.















[junior ferreira]

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

[...]














Tenho barulhos de mil pássaros em minha cabeça
e de nenhum barulho
senti o seu desafinar

Tive mil barulhos em minha mente
quanto bem te vi milhões de vezes
e bilhões de vezes
repeti que seriam
apenas nossos aqueles barulhos
que lamentavelmente
eram bem-te-vis gritando
e rumorejando
lampejos
verde-musgo
que destroem
sonhos
e aniquilam felicidades

Bem que te vi na rua
de camisa polo verde
com aquele perfume
que usou mil vezes
e o senti milhões
de vezes levando-me a transbordar em esféricas sensações
de que queria-estar-com-você e
não apenas bem-te-ver
                                   por dentre as copas de árvores
                               onde há rumores
                          de que os pássaros
                     um dia, quem sabe, vão parar de cantar
               e repetir entre trilhões e trilhões
       que o seu olhar ainda não se evaporou da minha mente
Não sumiu ainda aquela sua imagem
suado, se mexendo na cama, esquivando dos seus pesadelos
sendo o que conseguia ser só comigo
dizendo que
                  quando bem me via
                  Eu era apenas um
                  sabiá
E você um bem-te-vi
                             
                                Que não vejo mais

















[junior ferreira]

[...]














Desejei muito que este mundo se explodisse
em mil pétalas
                      ontem a noite.
Nada disso, claro, aconteceu
ao invés disso
                     turbilhões de sentimentos
                     acontecem dentro de mim
                     e o que resta é o olho do furacão
                     que nada sente da tempestade
                     mas a tudo consegue ver lá de cima
                     Se as destruições fossem entendidas
                     em poucas palavras
                     não estaria eu aqui, gatinho
                     escrevendo mil poesias
                     as quais cabem você em todas
                     e todas elas
                                       dentro de uma caixinha
                                       que guardarei embaixo da cama
                                       junto a poeira
                                       e outras coisas que não quero perceber a existência














[junior ferreira]

domingo, 23 de novembro de 2014

[...]














Não quero suportar esse karma, não mais
Não me pediram pra entrar
                            Simplesmente deram-me flores e disseram pra respirar
o perfume
               sentir o gosto do nectar
                                           e se afogar na paixão
                                           que romperia a minha vida
                                           em terremotos
                                           maremotos
                                           tempestades
                                           furacões
                                           cancer
                                                    vertigem
E o final dessa tarde de domingo
                                                     numa borboleta azul











[junior ferreira]



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

[...]
















Tenho um amigo que se foi pra Bahia
Lá na terra onde as meninas
são arretadas desde o berço

Meu amigo
                 Dança
                         Na praia, na vida
                                         Na estrada
                                                  transmitindo os sentidos 
                                                   através do movimento
                                                    do corpo
                                                           dos barulhos
                                                                 de uma borboleta azul
                                                                                                                       

Meu amigo dança
Nos lugares mais improváveis
                           e inimagináveis 
                                     que traduzem a beleza
                                                  numa verdade
                                                       que diz que

                      a vida, por ela mesma, não basta
















[junior ferreira]

sábado, 15 de novembro de 2014

[...]











A pedra, disseram os filósofos,
É simplesmente uma pedra
Rocha feito de pedra,
Barro
           Argila
                     Metal fundido
Se encotras na rua com esta, não te demores a curvar
Ou a pular

Este mero obstáculo
Essa pedra
Não fere e nem queima caso queira toca-la

Quero que tudo
Vire sólido
                   E essa saudade que arde
Torne-se apenas uma materia possível de se ignorar
                                                 Assim como se igonora uma pedra
                                                                                      Ou uma pétala azul
                                                              De uma flor modificada em seus múltiplos termos














[junior ferreira]

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

[...]













Brincávamos entre milhares
no meio da rua
Ninguém se importava
se os carros ou motocicletas
viessem na mesma direção
acabando com o fluxo dos que corriam pra lá e pra cá

Brincávamos sem medo
pulávamos os passeios
e escorregávamos, as vezes, de cara no chão.
Não existia machucado naquela época.
Os barulhos, eram tambores
freneticamente acertados ao ritmo veloz dos nossos corações.

E quando a tristeza batia, nem mesmo nos acudíamos
Convidávamos a entrar em ressonância
com a nossa inoscência
e mostrávamos aquele samba
que nasceu com nossos pés
numa alegria
que contagiaria até mesmo os
que esqueceram de que um dia existiu a infância.

















[junior ferreira]

sábado, 8 de novembro de 2014

[...]











Use o seu Português chato e massante
para ir além do universo
e pisar nas estrelas
diminuindo
o brilho dos olhares
e a perfeição dos sorrisos honestos

E com essa língua de fogo
e um idioma rebuscado
ache o que tanto persegue
no mais profundo
e derradeiro
lugar da terra
Que se afogue em lamas de sentimentos
e evapore junto as suas lágrimas
de desespero
quando se ver sozinho
e desamparado
naquele lugar frio e escuro
no qual nem
mesmo a solidão jamais pisaria.













[junior ferreira]

terça-feira, 28 de outubro de 2014

[...]


















A tempestade veio pacotes de ânsia e
distribuiu-se por toda a cidade
deixando a todos
nesse nervosismo que nunca se abala
ou cessa num único estrondo
fazendo com que as montanhas
possam abraçar cidades
e percorrer o mundo
inteiro
deixando rastros
por onde passa
e recados de que a vida, por ela mesma, sozinha, não basta
não se faz existir
ou coexistir em suas milhares de possibilidades
e opções
entre o sim e o não de uma pergunta arbitrária
concisa, mentirosa, enfática, reflexiva
em sua consistencia
e pesada em sua essência
desvirtuada entre milhões e trilhões de alternativas
destroçadas pela única vontade
de se ver brilhar
naquele ponto, no qual tudo é perfeito e
singular
















[junior ferreira]

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

[...]













Saudades dos barulhos noturnos
e do nosso suor
grudando e descendo pelo corpo
num calor tão forte
sob o vento de um ventilador que apenas se fazia girar
as memórias de ontem
dentro de uma mensagem
de um aceno
ou de um sorriso
vindos do outro lado da rua
em nossas
passagens e recordações
de tardes quentes
e efêmeras
















[junior ferreira]

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

[...]


















Venho escrevendo asneiras
atras de asneiras
sem pensar por onde poderiam ter surgido
Cada palavra ligada a uma pessoa diferente
a um momento
                      singular
Misturadas desde o inicio
vejo que o tempo
é necessariamente relativo
existo em meu futuro
em meu presente
e passado
todos com a mesma intensidade
e todos ao mesmo
instante
















[junior ferreira]

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

[...]















Ainda bem que a dor passa
Uma hora a paixão se evapora
e a amargura vai embora

Os momentos que ficam, Ah! Esses momentos que vou levar comigo
para a eternidade
E na eternidade reafirmar a singularidade
da única coisa que é certa
a morte












[junior ferreira]

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

[...]
















Me perco na imensidão do seu peito
ao me desdobrar pelo seu corpo
seus cabelos
pernas
braços
Me perco em tudo que tenho direito enquanto você
dorme e não percebe a minha presença.















[junior ferreira]

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

[...]











Como a cauda singular do cometa
vejo em seus olhos a erupção de coisas que tenta esconder
sinto em seu hálito os tornados que provoca em sua lingua
em sua saliva
E em seus lábios verde-violeta-amerelados
que tanto preciso ver brilhar
nas noites sem luz e vento
vejo o arco-iris que irá iluminar minhas manhãs.














[junior ferreira]

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

[...]















Não que eu não gostasse de você, não era isso. Você entendeu errado, garoto ou garota - como quiser entender. Resgatou outros sentimentos, pensando que não haveria nenhum para resgatar. Atribuiu adjetivos aos móveis do meu quarto e me abraçou de madrugada. Pela manhã fez meu café e se despediu com sorrisos múltiplos de alguém que me veria mais vezes ao dia, ou pelos amanhãs ou pelas próximas semanas e reencarnações suscetivas, imediatas e infindáveis. Me encarou como se quisesse me penetrar mais profundo e comeu da carne que tanto queria. Em Maio, começou a enviar suas cartas, em Agosto já estava determinado. No final de Setembro ocorreram tempestades, relâmpagos, rumorejos, resmungos e então se confundiu em sua própria cabeça. Eu, deste lado de cá, já não sabia mais o que era sentimento ou o que era invenção. As cartas perderam os motivos e minha cabeça embaralhou-se em diversos universos prolixos e sem luz. Me encontro sozinho, agora. O remorso bate na porta e as vezes digo que estou - mesmo não querendo dizer que entre. Rancoroso, em algumas manhãs ou partes do dia, o meu tom ao dizer boa tarde se manifesta com angustia e raiva. Tento entender o vazio como os poemas singulares que saem dos pulmões, fígado e vísceras inúteis. Prefiro pensar que tudo é uma questão de vento ou furacão nesse barquinho no qual navego lentamente a minha vida.
















[junior ferreira]

domingo, 21 de setembro de 2014

[...]












Se me ligarem, diz que saí por aí.
Fui levar o vento na rodoviária
e dar um passeio de barco com o meu furacão,
ver os olhos do redemoinho envolver a minha guitarra
e cantarolar borboletas em meus ouvidos.

Diz que ja volto com a comida do beija-flor,
e com as estrelas que dormiram em suas costas.











[junior ferreira]

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

[...]
















Que venha sem se programar como o meu despertador.
Banal como dizem os meus sorrisos,
que deixo nas vitrines de jornais e livrarias por aí.
Quero que exista em papéis de guardanapos,
em cartas de papel amassado,
o amor singular, simples e jamais efêmero.













[junior ferreira]

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

[...]
















Torno-me irreconhecível a cada dia
não reconheço tantos rostos como antes
e a cada momento vejo mais estranhos
pela padaria
ou pela cafeteria da esquina, na qual bebo o meu café-com-leite
e deixo minhas escritas se esfriarem em papéis de guardanapo
em cima da mesa de madeira
ou nos ventos velozes
feitos através das asas de uma borboleta azul














[junior ferreira]












segunda-feira, 25 de agosto de 2014

[...]














Quero a tarde veloz e vermelha
que os teus cabelos coloriram em fevereiro.
A cadeira em que a sua avó balançava na varanda - a qual rodeava a casa -  e incendiou
a tarde em lilás junto a tua juba, em janeiro, quero que os barulhos a tragam novamente.

Aqueles que querem e preferem sofrer,
se isolem
e vão para longe de Agosto,
mês no qual a paixão desesperada
bate na porta daqueles mais desajeitados
e perdidos em suas próprias poesias.
















[junior ferreira]

terça-feira, 19 de agosto de 2014

[...]







Essa coisa que não se explica
e as vezes cai pelos cabelos e passa pelos ouvidos
e volta dos pés a cabeça em frêmitos,
volta em lágrimas e vento,
em furacões de fogo,
agonia e felicidade.
Mistura tantos outros sentimentos e sensações que me faz perder em meu próprio tegumento,
limitando-me a entender
aquela mesma coisa que sai da cabeça e navega o corpo
sem deixar rastros,
marcas físicas,
registrando a existência
em infindáveis gemidos inflamáveis.









[junior ferreira]

terça-feira, 12 de agosto de 2014

[...]







Parece que foi ontem
que confundi lilás e rosa escuro,
primavera e outono,
os tornados de todas as manhãs
com o vento tenro de depois do almoço.

Parece que foi outro dia que andávamos por aí de mãos dadas
e hoje nem sabemos um do outro,
que andei de bicicleta por uma reta infindável em minhas emoções,
que sorri o amanhã como algo inesperado
e esperado de forma clara e doce.

Efemeridade, assim nomeio minha existência.
Como tudo passa rápido,
e num piscar de olhos estamos do outro lado do mundo
e retornamos ao ponto inicial novamente.
Num piscar de olhos temos uma multidão ao nosso redor
e quando menos esperamos
nos deparamos sozinhos
no meio daquela solidão que não podemos nem nos atrever a tentar explicar.

É no meio do nada que achamos respostas.
E como tudo é efêmero, de alguma forma as respostas nos alcançam,
e então vamos entender que quando misturamos groselha com abacaxi
ou cebola com pimentão,
o que temos em mente é que apenas vivemos
para ter a felicidade de provar algo diferente
novo
e distante de nosso paladar.










[junior ferreira]

segunda-feira, 28 de julho de 2014

[...]

















Se não pode ter cachorros
tenha
       flores.



















[junior ferreira]

quinta-feira, 24 de julho de 2014

[...]














Os corações estavam espalhados pelo quintal.
Vieram antes da época.
Alguns dizem que nasceram no início da primavera
juntos aos lírios
e aos relâmpagos de margarida.
Os que colhem do quintal
não estão necessariamente desiludidos,
perdidos, eu diria,
sem coração talvez
ou com vontade de substituir este próprio músculo
por um outro que nasceu atrás da casa,
num quintal imenso
e repleto de rosas.













[junior ferreira]

terça-feira, 15 de julho de 2014

[...]













Vi uma pedra de Opala
e imaginei que tudo o que havia dentro dela
seria um minúsculo Universo.
Haviam nebulosas,
centenas de cometas ofuscantes,
variadas cores de galáxias, nascimentos de estrelas,
explosões de coisas que não são possíveis de serem explicadas.
Vi muitas coisas coexistirem naquele pequeno espaço
e me perguntei se na verdade, o nosso Universo,
não estaria imerso em uma pedra de Opala ainda maior.
E fora desta, centenas e milhares e bilhões
de outras variadas pedras,
que não conhecemos nem o formato
e tampouco seríamos capazes
de atribuí-las algum nome.














[junior ferreira]

segunda-feira, 14 de julho de 2014

[...]















Dizer que vi lágrimas,
é mentira.

Vi menos que sua cabeça baixa,
de longe.
Da última cadeira do cinema,
do último lugar da fila,
do último não sei o quê,
mas sempre longe
o via.
Tentava interpretar
o que o tornara
tão infeliz
a ponto de
mentir
para si mesmo
que não havia nascido para o amor.














[junior ferreira]

[...]











É assim quando se escorrega e bate a cabeça diversas vezes na mesma pedra e não se perde a memória por mais que queira evaporá-la. Dessa maneira que se perde o equilíbrio ao regular o que é pra ser sentido e o que pode ser só saudade. Desse modo que se fabricam montanhas de sal e as colinas de gelo, geometricamente inapropriadas para nossas conversas, fazendo tudo fugir aos nossos sentidos - se a visão é verdadeira ou inventada, se é vidro ou transparente, se o tabuleiro de xadrez era de metal fundido. Não importa, no fim, suas emoções. O que de fato interessa, é sua cara de espanto ao perceber que o que nos rodeia, é vida, vento, cores, vozes... Nada.













[junior ferreira]



domingo, 6 de julho de 2014

[...]











Quero o azul que me prometeu
dentro do seu carro velho.
Das antigas manhãs, o desiludido calor do sol
que nos abraçou sem nenhum esforço, eu quero de volta.

O amor foi transmitido a rádio
na quinta feira passada
E desde fevereiro
vejo na televisão
o anúncio de pessoas que querem amar.
Pobres coitados,
querem comprar o amor.
E dizem pagar um preço alto.
Justo.
Nem mesmo é azul
o modelo deste amor em promoção.
É banal,
se acha em qualquer praça
ou esquina. Qualquer supermercado, boteco.
Contudo, tornou-se tão necessário
que me vejo louco
e carente,
imensamente carnívoro e voraz
para comer deste novo amor,
o qual é tão mencionado pelas pessoas
no meio da rua,
nas avenidas,
em qualquer lugar.

Devolva-me, agora, as cores que foram roubadas
do meu quintal.
E eu devolverei o seu velho amor,
o qual ainda permanece
nas gavetas do meu quarto,
no meu guarda-roupas,
sombrinhas,
guarda-chuvas,
chocolate,
larva,
mariposa.














[junior ferreira]






sábado, 5 de julho de 2014

[...]















Minha necessidade virou poesia

Preciso de uma mudança drástica em minha vida
Vou-me embora para o
                                    Maranhão.




















[junior ferreira]

segunda-feira, 30 de junho de 2014

[...]













As formigas saíram após o toque de recolher
após o pó de café espalhar-se sobre o chão
e o açúcar grudar na sola do meu sapato
As formigas perderam o rumo de casa
sem se despedir dos irmãos
Mãe
Pai

As formigas esqueceram-se na estrada
e foram embora pelo derradeiro caminho
sem olhar pra trás












[junior ferreira]

sábado, 21 de junho de 2014

[...]














Não acreditava que o som das minhas tardes
perderiam a frequência
até ver as cores se desbotarem
dentro do cesto de frutas
no qual o mamão apodrece lentamente
e as maçãs tornam-se tomates

Desconsiderava
que a minha tonalidade mudaria de verde para branco
até me tornar violeta
rosa
vermelho
roxo
lilás
borboleta










[junior ferreira]

quinta-feira, 19 de junho de 2014

[...]












Tomamos um café
para nos livrar daquele cansaço
dos corpos grudados na ultima noite
daquele suor que não seca

Tomamos um café numa avenida
um de frente para o outro
e mesmo assim
seus olhos não perceberam que eu estava lá











[junior ferreira]

domingo, 8 de junho de 2014

[...]












Queria que fossem palpáveis
como as plantas da minha janela
e quando ínfimos
desejados da mesma forma
com a mesma vontade
Queria que os seus sentimentos
fossem maiores
fossem iguais
aquilo que sempre sonhamos na vida















[junior ferreira]

terça-feira, 3 de junho de 2014

[...]




















Desde fevereiro
planto flores em seu jardim
Todas elas, contudo, crescem
somente sob os meus olhares
e o meu jeito de regar

Suas camisas azuis
voam do varal
e vertiginosamente
caem
sobre o meu jardim
amassando as margaridas
lírios
beija-flores
borboletas
pés-de-moleque

Planto flores
desde fevereiro
em seu quintal
Contudo, somente as minhas
sementes crescem
e se espalham
no jardim
o qual
inventara
para
mim
     mesmo














[junior ferreira]

segunda-feira, 2 de junho de 2014

[...]














Acordamos numa manhã
sem vento
Seu cheiro, de quem dormira por oito horas seguidas
me abraçava naquele calor
matinal
De alguma forma
o suor do seu corpo
sua transpiração
me fizeram perceber
um odor diferente
daquilo que sentia quando éramos dois
A beleza do seus suspiros
e do seu jeito de abrir os olhos
acabaram-se naquela mesma
manhã
sem pausa
               e sem conversa
Os trovões da última noite
permaneceram sob os lençóis
e se romperam em silêncio
libertando apenas o som
de nossas respirações
pelo resto do
                   dia

















[junior ferreira]

domingo, 1 de junho de 2014

[...]

















Você, vem de longe
lá do Maranhão
e lança em minha manhã
a verdade sobre as cores
mais precisamente sobre a minha cor favorita, azul

Quando o azul não desbotava
eu era outro
vivia por qualquer sorriso
sentia qualquer calafrio freneticamente percorrer o meu corpo

Fui outro, quando o azul era azul
e as outras cores, ínfimas
Sou outro quando enxergo outras cores
do mesmo espectro
ou mesma sintonia

Quando fui outro
o azul de outrem
era iluminado
e as minhas manhãs
mais floridas















[junior ferreira]

quarta-feira, 7 de maio de 2014

[...]












Nos abraçamos em fevereiro
e ainda sinto o cheiro
de sua camisa
azul

azul
que se desbota
e perde suavemente
o cheiro que senti em fevereiro










[junior ferreira]

terça-feira, 6 de maio de 2014

[...]













Foi numa noite
que nos vimos

Mas foi num abraço
que nos
apaixonei

Num carinho
que nos
aqueci

Numa dessas redes coloridas
na qual passamos a tarde juntos
que os nossos olhos
brilhou

Foi numa tarde qualquer
que nós
percebi
que o todo
nunca foi completo
sempre foi a metade de um todo
a metade singular
sempre foi apenas
Eu
apenas













[junior ferreira]

domingo, 4 de maio de 2014

[...]














Por menos coerente que seja
sua presença
me aquece

Sua ausência
                    me enche de angustia
e sua demora, ao permitir o amor entrar
é algo adicional que nos torna ainda mais sem sentido

Venha
mesmo que não faça algum sentido

















[junior ferreira]

quinta-feira, 1 de maio de 2014

[...]








veio e entrou como se fosse o vento
rompendo em saudades em certos instantes
e indo embora
                      frio
calculista
              em outros momentos
Para alguma parte alguma
e para bem longe de mim

















[junior ferreira]

domingo, 27 de abril de 2014

[...]

















Digo ao derradeiro poema
que seja veloz
e nunca amargo

Peço ao derradeiro poema
para ser paciente
naqueles momentos que tenho amnésia

Despeço-me do ultimo poema
com um sorriso no rosto
e uma dor forte no peito

Diga ao poema
que irei comprar flores
com a cor dos olhos dele
e com cheiro de saudade




















[junior ferreira]

terça-feira, 22 de abril de 2014

[...]











Disse ao passarinho
que tenho urgência em ser feliz
pressa em me ver livre da
bagagem
que se encheu de coisas sem nexo
                                                     incoerências
Estou cansado deste peso
dessa ideia
de me tornar
tão desnecessário quanto a minha mala

Tenho pressa em viver
pressa em fazer sentido











[junior ferreira]


[...]

















Por detrás
dos diálogos que circulam a cozinha
vejo que minhas preocupações
são menores do que a quantidade de tomates
dentro da salada
que o cheiro de alho que circula pela casa
ínfimas em relação ao azedo do vinagre
banais
se comparados ao gosto do bolo
que acabara de sair
do forno



















[junior ferreira]

sexta-feira, 18 de abril de 2014

[...]
















Estava por demais inquieto
pensando se veria ou não
                                       o por-do-sol
                                       novamente
por demais ansioso
para descobrir a ligação
entre o curinga
e Deus
entre o mistério do jogo Paciência
e a verdadeira existência
da paciência em si - aquela que vai além da palavra
acima do peso que pondera a própria imagem
que percorre a célula e desmembra o DNA
revelando o verdadeiro enigma
de sua essência

Sou por demais louco
não racional
                   não lógico
sou homem, feito de carne
                                        e de imaginação
O que me resta é a ideia
                                    e a vontade de me reinventar
                                                                                a todo momento



















[junior ferreira

sexta-feira, 4 de abril de 2014

[...]














Fim de tarde veloz
vermelho
relampeja sua essência
em diversas cores
a cada
dia

Luz
percorre
o espaço e o tempo
e toda a imensidão
incalculável
do universo
até lançar o derradeiro
feixe eletromagnético
em seu
corpo
sua camisa
rasgada
e suja de suor
seus barulhos
em forma de
fumaça
e sua presença
embutida nos
últimos
relâmpagos
da noite














[junior ferreira]





















quinta-feira, 27 de março de 2014

[...]

















É um paradoxo
uma existência
                       e ao mesmo tempo
                       inexistência
de um único
repetitivo acontecimento

Em alguma parte
                           e
                           com uma velocidade
                                                          e violência
                                                          incríveis
                                                          apenas a Solidão
lhe abraça
e lhe sorri a ironia
                            devido ao exímio
                            fato
                                  de não estar completamente
                                  sozinho
                                              em nenhuma parte
                                                                        alguma

















[junior ferreira]

segunda-feira, 24 de março de 2014

[...]












vem distante
uníssono
manso
como o gato
embaixo
da cadeira
alisando seu rabo incansável
em minhas pernas

vem
sem som algum dessa vez
na calada da noite
onde dorme
o rio
e grita
a ilusão















[junior ferreira]

domingo, 23 de março de 2014

[...]















Existe uma dor
que te abate
e te cega
Ensurdece-te por alguns momentos
instantes esses
que tenta entender
o porquê de tal coisa existir

Fraqueza?
Nada
Acho que a sua ausência
mesmo na sua presença
desperta um medo
algo que machuca
e corrói
cronicamente
vindo daquela vontade
de não estar
sozinho
e de não se acabar na
solidão




















[junior ferreira]

sexta-feira, 21 de março de 2014

[...]














Foi quase na entrada
da viela
que ouvi o nome de uma
árvore
a qual
com toda certeza
passou pela minha imaginação
quando eu era criança

Desta árvore - segundo uma garotinha que estava ao meu lado
eu poderia retirar
qualquer sabor de sorvete
e também
a "casquinha"
o cone de mastigar
A sorveteira
não faz sombras
Refresca, contudo
a criação e
o brilho da inocência













[junior ferreira]





domingo, 16 de março de 2014

[...]
















A dor, a qual havia mencionado
(na sexta de manhã)
foi aquela devido a uma
condição física
cruel
não tão efêmera o quanto
eu gostaria

Uma ruptura
a qual tornara suas palavras
algo banal de se ouvir
num domingo de manhã
sentado na porta
da minha casa
conversando
sem olhar diretamente para o meu rosto
ouvindo a vizinha gritar
e fingir que
tudo aquilo
era mais um dia
qualquer















[junior ferreira]












sábado, 8 de março de 2014

[...]
















Vamos comprar um fusca
pode ser azul
ou anil
qualquer cor que nos flutue
e nos distancie deste dia
chuvoso
e cheio de dor


















[junior ferreira]

quinta-feira, 6 de março de 2014

[...]















Algumas vezes
apenas o violão basta

E quando a vida já não é suficiente
e a alma um inventário pequeno
nada mais basta
para o momento
                             Entre minhas pernas
                             e ninguém mais
                             não há nada que traduz
o som que se emana
das cordas do meu corpo
que agora fingem
fazer parte de uma frequência ininteligível
ligada ao sentimento
do meu corpo




















[junior ferreira]

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

[...]











É uma permanente mudança
Contudo, a casa mantem a velha e mesma estrutura óssea

Os móveis, tácitos em suas antigas posições
os talheres, dentro de cada buraco da gaveta
os papéis
as cadeiras
e até mesmo o par de chinelos - os quais ele deixara para trás
estão espalhados pela casa
Despedir-se nessa tarde veloz
equivale a se afundar na vertigem do dia
pelos cantos da casa
nos quais sua ausência se consome em paredes
corredor
porta
janelas
E a saudade, numa simples vontade de se ter uma rede na varanda















À um grande amigo e irmão que acabara de dizer "até logo"

[junior ferreira]

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

[...]










Morreram as formigas
os insetos que me incomodavam pela noite
e um besouro
Todos em minha mesa

Enquanto os insetos morriam
a cadeira
o livro de Sávio Lopes
o retrato de Elis
a robô de brinquedo
e a luminária
continuavam imóveis
parados
calados
como o resto da noite veloz
















[junior ferreira]

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

[...]

















Podemos ir voando
caso o chão esteja quente e não pudermos andar descalços
Quem sabe isso num domingo qualquer
num barquinho de papel
ou deitados na grama
lendo os nossos olhares
Fazendo com que cada parte de mim mesmo
se torne menos banal
mais intenso
diferente
voando em seus braços
feito uma borboleta
Não importa a hora
a cor
se é a pé ou a cavalo

Vem pra cama
Vem dormir














[junior ferreira]

domingo, 16 de fevereiro de 2014

[...]















Joaninhas são machos
viris
ferozes
predadores vorazes
Só se disfarçam por detrás de sua casca avermelhada
para iludir a presa de sua delicadeza inexistente
Foi o que eu ouvi
entre todo aquele alvoroço
uma explicação de algo que talvez tentasse traduzir
a sua própria personalidade


















[junior ferreira]

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

[...]













Fizemos tudo o que fizemos
e ainda somos aqueles que viveram antigamente
Estamos em harmonia com o nosso medo
e nossa dor
esquecemos que ja fomos alguém
adaptamos a nossa memória de acordo com cada necessidade
e nos tornamos tão banais
quanto fomos outrora













[junior ferreira]

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

[...]












O mundo é tão ridículo, tão estranho, as pessoas não te esperam, elas correm. Todos têm pressa, todos são eles mesmos e ninguém mais. Quanto menos se espera, mais desculpas inventam para te persuadir de que sua presença é interessante, mas não viável para o momento. Alguns dizem que já tiveram momentos felizes, outros dizem terem aprendido que esses momentos são mais voláteis quanto a presença das pessoas pelas quais nos apaixonamos. O que na verdade acontece é que somos todos feitos de uma memória viva em constante amnésia e dor. Lateja cada lado da minha cabeça só de pensar o quão você é ridículo. Não sabe a intensidade de como o vejo ridículo, e nem o limite para a própria palavra que o adjetiva. Odeio cartas de amor, odeio quem se auto assume emotivo, odeio você o qual debocha da minha poesia. Se não é para valer a pena, não se incomode nem em trocar de camisa, aquela camisa azul a qual grudou em teu corpo. Se não é para fazer sentido, não venha, fique por lá. Tenho saudades de viver, urgência em ser feliz.



















[Junior Ferreira]

domingo, 19 de janeiro de 2014

[...]

















Quando esperei por respostas
nada além de suspiros
saíram de sua boca

Parecia que conversava comigo em outra língua
outra dimensão
da qual, desesperadamente, eu procurava uma saída
uma razão
para tal atitude pressurosa
desmedida
irônica
câncer


















[junior ferreira]