quarta-feira, 29 de abril de 2015

[...]















E se perguntarem por mim
diga que saí por aí
Fui a padaria
ou a esquina pra ver se encontrava um amigo
Algo ou alguém que não me diminua sem critérios
que não seja efêmero e veloz como todas as manhãs de Janeiro












[junior ferreira]


domingo, 5 de abril de 2015

[...]














É inegável o fato de eu estar saudoso
quando não tenho o seu cheiro - da sua nuca -  por perto
e os meus travesseiros não desempenham tão bem o papel como deveriam

Estou saudoso
porque sinto a falta do
calor dos seus braços
sua barba
pernas
corpo
rodeando meu
corpo
pernas
baba e o
calor dos meus braços















[junior ferreira]
[...]














[O medo também é relativo]

Se me perguntar do que tenho medo
diria de cachorros ferozes
de morrer sozinho
Tenho medo do escuro - eu confesso - e de ser abandonado no meio da noite
medo da solidão
medo dos meus pais me deixarem
da minha irmã nunca mais voltar
dos meus amigos evaporarem
Medo de não conseguir mais sentir medo

Neste momento se me questionar sobre o que tenho medo
eu responderia que
tenho medo da inexistência de uma reciprocidade

Contudo, tudo isso se resume a este instante
o qual em alguma parte alguma há de ter respostas
e haverá de ser recíproco de alguma forma

[Nesses momentos sinto medo de não ter esperança]


















[junior ferreira]

sábado, 4 de abril de 2015

[...]














E teria algum nome para o amor
que fosse diferente de
amor - propriamente dito -
diferente de aflição
de desespero
paixão exacerbada
cegueira
falta de ar
vertigem
paranóia
obsessão
possessão
efemeridade
incalculáveis
                    borboletas no estômago?

Algum termo para desdobrar essa ideia
de que o amor realmente existe
e não pode ser traduzido em diversos sinônimos
ou perder o significado que só entendemos
quando somos tocados por ele?

Existe?

Eu chamaria de simplesmente Amor
Algo líquido ou que assume o estado líquido
para se moldar as nossas necessidades
ou ao nosso destino
Contudo, não um líquido que se evapora ou escorre por nossas mãos
mas sim, menos efêmero
um líquido-sólido
leve
que se expande com a idade
e aumenta para o infinito
e além de qualquer
imensidão que possamos
nos atrever a imaginar

















[junior ferreira]











sexta-feira, 3 de abril de 2015

[...]



















Um cheiro que não pode ser explicado,
não pode ser definido em adjetivos,
mas é sentido em cada profundidade
harmonia
silêncio
como se pudesse ser palpável
modelado em origamis e diferentes formas usando uma aquarela.
O cheirinho, como gosto de dizer
vem da sua nuca todas as noites
atravessa seus braços
pernas
costas
penetra em suas camisetas
e perfuma minhas roupas
minhas mãos
impregna-se em minha mente
fazendo-me transpirar seu suor
a cada momento em que seu sorriso e alma
tocam a minha memória
em alguma parte dessa saudade
que o tornou singular



















[junior ferreira]