sexta-feira, 31 de agosto de 2012

[...]




















Andam dizendo por aí que os relógios estão mais apressados,
e que a primavera baterá em nossas janelas depois de amanhã.

Contudo, apenas boatos.




















[junior ferreira]
[...]



















Esvazio a mente e viajo por aí, sem compromisso,
Enquanto tomamos aquele café na avenida.
Distração, alguns denominam por assim dizer.

Preocupação, reflexão, solução de problemas,
Desvio de atenção, há muitas coisas envolvidas
Em instantes que desvio o olhar e mergulho em minha mente,
Enquanto discutimos nossos problemas ou dividimos alguma verdade.
















*À minha amiga e companheira Natália Tanure.

[junior ferreira]

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

[...]

























Pode mesmo se perder nesse desalinho - com o qual navego e reproduzo milhões de vezes as minhas caminhadas - por onde tenho habitado. Rotineiro, não deixo de ser por assim, se quer ver dessa maneira.
Seus lábios estão aí do outro lado, secando e se umedecendo - massageando o lábio inferior e o superior - à cada passagem que acompanha e interpreta. 
Veloz, ao seu lado, acomodado em seu ombro enquanto observa que no quarto há apenas um abajur ligado. Sua respiração forte ecoa pelo comodo, perfurando os músculos de quem a sente por perto, densa, se acompanhar de olhos abertos.
Pormenores ficam entre os lençóis, onde os pés se cruzam e se aquecem - esquecem -  pela madrugada afora.





















[junior ferreira]

domingo, 26 de agosto de 2012

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Vamos por essas estradas
pelas quais já passaram os trilhos do trem
e o mundaréu de areia tapou o túnel que cortava a cidade em seu subterrâneo.

Vamos por essas estradas
por onde ecoam nossas risadas de dez anos atrás
e a derradeira felicidade tornou-se a árvore que crescera sob os montes de terra

Vamos





















[junior ferreira]

sábado, 25 de agosto de 2012

[...]






















São mistérios que nem nossas vértebras exibem.
Pode se curvar, quebrar a coluna, não há quem possa
Ao menos dar vestígios.
Nem mesmo os mais intelectuais, ou estudiosos,
conseguiriam enxergar através dos ossos e imaginar o que punge e aflige.

E o que nos flagela não menos destrói, limita.

























[junior ferreira]

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

[...]




















Volte.
Volte em fé ou em lágrimas.
Vertiginosamente como a fêmea flor, que em sua ausência,
Violenta e colore as minhas mais triviais
Virtudes.


















[junior ferreira]
[...]






















Por um tempo deixei a ausência de lado.
Agora, não menos fria, em si apegada, reaparece.
A ausência sente falta,
Quer brincar,
Rir ao seu lado e de quem a acompanha.

Não mais sozinho na ausência,
Que insiste em estar perto, por perto,
Sempre perto.

Perco-me em sua companhia,
E quando me percebo neste espaço,
A única chama que se acende
É sua suavidade ainda presa na memória.





















[junior ferreira]





quinta-feira, 16 de agosto de 2012

[...]





















Minuciosamente abro o zíper da minha calça.
Nu apenas,
Ando pela casa e sinto o vento tocar minha pele.

Ainda que perdido em minha nudez, sinto, por toda minha coluna e pernas, escorrer aquela espuma que sai dos cabelos, os barulhos do chuveiro ligado e da água caindo.
Isento de qualquer companhia, enxugo o meu corpo; e se comparado com o resto da casa, minha nudez torna-se algo banal perto
                                          do relógio de parede
                                          e do ventilador de teto





















[junior ferreira]

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

[...]




















E viver por essa mocidade,
Num verão tão efêmero quanto os seus planos.
Faz deste, ainda que vertiginoso, um tempo exímio.





















[junior ferreira]

terça-feira, 14 de agosto de 2012

[...]























Disperso entre faróis que se lançam aos meus olhos,
Ainda que por um momento cego, consigo sumir desse universo veloz.
Lacônico, ao materializar o infinito.
Mesmo nesse simulacro que disfarça o que realmente te acoberta,
Consigo ver fundo nos seus olhos.

Como se diz eu te amo?





















[junior ferreira]

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

[...]

























Tácitos, os meus olhos -  e ao redor - acompanham aqueles movimentos
Desenvolverem-se no palco, iluminado a quem acompanha de longe, da platéia.
A bailarina carrega em sua coluna o equilíbrio, se mantendo
Em coerência desde as pontas dos pés aos ossos, pele, corpo.

Enquanto Bach, incansavelmente ecoa pela casa da vizinha,
A bailarina executa movimentos de intensa ressonância com a música,
Conectando os barulhos às suas coreografias,
Tornando quem a observa, tão flexível e elástico quanto as pernas demonstram ser.






















*Poesia dedicado a um grande amigo e bailarino, Guilherme Fraga.

[junior ferreira]

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

[...]





















Além dos desabafos, o que menos me acalenta numa mesa de bar
São as curvas que a fumaça do cigarro exibi,
Ao fluir desorganizadamente pelo ar.





















[junior ferreira]

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

[...]

























E descobrem-se poeiras nessa noite veloz
Vindas da vertigem do dia.
E os barulhos dos grilos e sapos na beira do córrego - que muitos ainda insistem
Em chamar de rio, talvez algum dia este título lhe caiba bem - nunca cessam.
Juntos a este escarcéu, ideias golpeiam de uma só vez,
Embora apenas uma palavra predomine dentre mil, cansaço.

E se escrever nas cartas que na primavera quero flores,
De-me azuis e vermelhas, violetas talvez;
E sempre traga o Sol,
Para que os fins de tarde não se transformem em apenas um ponto final.




















[junior ferreira]


terça-feira, 7 de agosto de 2012

[...]






















Não quero sentir o vento deste Outono.
O secar das folhas, presenciar não quero.
O que me torna menos cru não é a partida do Sol, pelas cinco da tarde.
Mas a maneira como ele nasce e desabrocha nessa derradeira manhã de verão.
















[junior ferreira]

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

[...]






















Não é uma cela,
É uma sala que se expande, não tem canto, nem onde termina.
Em cada parede há milhares de fotos, lembranças talvez.
Pode-se percorre-la incansavelmente, derrubando os barulhos e a iluminação ininterrupta.
Só não pode retornar ao hall de entrada, nem voltar pelas portas pelas quais passara.
Deixar recados é provavelmente inevitável, marcas automáticas.

As frases vão ficando junto ao corredor que se estende, as paredes que se reformulam no tempo e as pessoas que entram e saem pelas portas - algumas sentam nos sofás e ficam mais tempos que outras - tornam-me memórias e exímias nesse universo descontrolado e infinito.























[junior ferreira]

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

[...]

















Sem esmerilar a boca que se esconde por entre as pernas,
Sorri na mesma ignomínia que os lábios proporcionam.
Flexíveis como o prazer que neles podem se suprir,
Diz-se a incógnita do corpo.

Cona.

















[junior ferreira]