Um tanto incólume e incomum, dava para perceber os musgos, sorrateiramente, invadirem a casa da senhora Parvett, de acordo com que as madeiras tornavam-se menos férteis. Certamente suas janelas, ainda que briguem com o tempo, perduram na constante e frenética sensação oscilatória de se sacudirem. Não que a glória a tenha deixado, contudo a substância fora substituída pela languidez que se dispusera a cada canto.
Crescentes, as tentações não desviavam meu olhar ao tentar traduzir os epitáfios marcados na escada da mansão Parvett, embora apagados em certos instantes, visíveis em certas proporções; obscuros e desconexos de si como Elizabeth naquele lado da moeda ainda incoercível com os verdadeiros lados.
Os detalhes eram visíveis, enquanto viva. Inigualável e singular a senhora e a mansão indumentaram a cidade em diversas cores e sentidos: Amarela, quando próximo ao fim do Outono; Vermelho e marrom ao queimar os lábios pelo frêmito da paixão; Cinza ao se despertar neste nosso tempo, como se já não bastasse morta e agora acorda aquela coisa que sai de dentro da casa e deixam os ouvidos surdos.
Os retratos tornaram-se comuns. Maquiar de forma sensata, aniquilando os preceitos da verdade em recorte e borrões, fato inato a cada artista. Não compreendo mais a mansão desde que as cores passaram a multiplicar-se e transformar tudo ao redor, adquirindo a sua constante e elaborada forma. Isso remete-me ao buraco, no qual a presença da ausência intercala-se no peito. Detalhe, que talvez, denomino de saudade.
[junior ferreira]