terça-feira, 28 de outubro de 2014

[...]


















A tempestade veio pacotes de ânsia e
distribuiu-se por toda a cidade
deixando a todos
nesse nervosismo que nunca se abala
ou cessa num único estrondo
fazendo com que as montanhas
possam abraçar cidades
e percorrer o mundo
inteiro
deixando rastros
por onde passa
e recados de que a vida, por ela mesma, sozinha, não basta
não se faz existir
ou coexistir em suas milhares de possibilidades
e opções
entre o sim e o não de uma pergunta arbitrária
concisa, mentirosa, enfática, reflexiva
em sua consistencia
e pesada em sua essência
desvirtuada entre milhões e trilhões de alternativas
destroçadas pela única vontade
de se ver brilhar
naquele ponto, no qual tudo é perfeito e
singular
















[junior ferreira]

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

[...]













Saudades dos barulhos noturnos
e do nosso suor
grudando e descendo pelo corpo
num calor tão forte
sob o vento de um ventilador que apenas se fazia girar
as memórias de ontem
dentro de uma mensagem
de um aceno
ou de um sorriso
vindos do outro lado da rua
em nossas
passagens e recordações
de tardes quentes
e efêmeras
















[junior ferreira]

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

[...]


















Venho escrevendo asneiras
atras de asneiras
sem pensar por onde poderiam ter surgido
Cada palavra ligada a uma pessoa diferente
a um momento
                      singular
Misturadas desde o inicio
vejo que o tempo
é necessariamente relativo
existo em meu futuro
em meu presente
e passado
todos com a mesma intensidade
e todos ao mesmo
instante
















[junior ferreira]

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

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Ainda bem que a dor passa
Uma hora a paixão se evapora
e a amargura vai embora

Os momentos que ficam, Ah! Esses momentos que vou levar comigo
para a eternidade
E na eternidade reafirmar a singularidade
da única coisa que é certa
a morte












[junior ferreira]

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

[...]
















Me perco na imensidão do seu peito
ao me desdobrar pelo seu corpo
seus cabelos
pernas
braços
Me perco em tudo que tenho direito enquanto você
dorme e não percebe a minha presença.















[junior ferreira]

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

[...]











Como a cauda singular do cometa
vejo em seus olhos a erupção de coisas que tenta esconder
sinto em seu hálito os tornados que provoca em sua lingua
em sua saliva
E em seus lábios verde-violeta-amerelados
que tanto preciso ver brilhar
nas noites sem luz e vento
vejo o arco-iris que irá iluminar minhas manhãs.














[junior ferreira]

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

[...]















Não que eu não gostasse de você, não era isso. Você entendeu errado, garoto ou garota - como quiser entender. Resgatou outros sentimentos, pensando que não haveria nenhum para resgatar. Atribuiu adjetivos aos móveis do meu quarto e me abraçou de madrugada. Pela manhã fez meu café e se despediu com sorrisos múltiplos de alguém que me veria mais vezes ao dia, ou pelos amanhãs ou pelas próximas semanas e reencarnações suscetivas, imediatas e infindáveis. Me encarou como se quisesse me penetrar mais profundo e comeu da carne que tanto queria. Em Maio, começou a enviar suas cartas, em Agosto já estava determinado. No final de Setembro ocorreram tempestades, relâmpagos, rumorejos, resmungos e então se confundiu em sua própria cabeça. Eu, deste lado de cá, já não sabia mais o que era sentimento ou o que era invenção. As cartas perderam os motivos e minha cabeça embaralhou-se em diversos universos prolixos e sem luz. Me encontro sozinho, agora. O remorso bate na porta e as vezes digo que estou - mesmo não querendo dizer que entre. Rancoroso, em algumas manhãs ou partes do dia, o meu tom ao dizer boa tarde se manifesta com angustia e raiva. Tento entender o vazio como os poemas singulares que saem dos pulmões, fígado e vísceras inúteis. Prefiro pensar que tudo é uma questão de vento ou furacão nesse barquinho no qual navego lentamente a minha vida.
















[junior ferreira]