terça-feira, 16 de março de 2010





As Coisas


A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro,
Um livro e em suas páginas a ofendida
Violeta, monumento de uma tarde,
De certo inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas e taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão muito além de nosso olvido:
E nunca saberão que havemos ido.







[Jorge Luis Borges]































"esta tarde, enquanto caminhava, mais barulhos se misturaram aos meus ouvidos. Esses barulhos condensaram-se a outras sinfonias arquitetadas por não sei quem. Tudo tornou-se tão prolixo que nem mesmo percebo meu corpo"(junior ferreira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário