terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

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São tantos universos que se somam sem nunca terem se conhecido,
nunca se tocado, ou visualizado a luz da existência.
Mesmo assim se conhecerem,
sabem que tem algo ali, fazendo companhia,
ouvindo os sussurros,
lamentos,
orações.

Nos momentos mais tristes, eu me isolo.
É tão fácil, não preciso recorrer a manual ou a ferramentas inter-galáticas.
Se abro a porta e sento em meu sofá,
o que me encara é a TV, o jornal no chão, Haper Lee na estante.

É trivial sentir-se sozinho, enxergar-se sozinho é
ainda mais banal - e assim as combinações de solidão formam-se.
Difícil mesmo é perceber que essa dor vai ser carregada
até o último dia.
E que a minha sombra vai deixar de me seguir,
o meu gato vai deixar de sentar na janela
e meu violão vai se tornar poeira.

Onde cabe o amor em toda essa trajetória?

Vi num filme, que o amor percorre quaisquer dimensões,
até mesmo aquelas que não conhecemos.

Acho que não faço parte desse universo,
muito menos daqueles que se somam
e se cuidam
e se misturam e viram
apenas
um.












[junior ferreira]

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

[...]












Ontem a tarde terminou vermelha.

O fogo do sol ardia a 8 minutos e 20 segundos luz,

queimando até mesmo a M87 a 100 milhões de anos-luz

acima de nossas cabeças.

Enquanto tudo se acabava em brasa,

sua voz esfriava,

suas frases tornaram-se sílabas - muitas vezes repetitivas.


Estou aqui, no planeta deformado pela gravidade e estrangulado na garganta do nada.

Espero que os momentos de frieza sejam nebulosas leves,
mais que efêmeras e que quanto antes
encontrem os eventos do horizonte e se percam no próprio tempo

naquele buraco indomável

violento

infinitesimal











[junior ferreirs]




domingo, 15 de janeiro de 2017

[...]










Às vezes perco o meu eu

em micro-espaços

                      momentâneos soluços

leves descontrações

                      um piscar de olhos

Instantes estes nos quais

o delírio torna-se meu reflexo

revelando a verdade de que a minha mente é o meu maior barulho.












[junior ferreira]