terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

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É uma permanente mudança
Contudo, a casa mantem a velha e mesma estrutura óssea

Os móveis, tácitos em suas antigas posições
os talheres, dentro de cada buraco da gaveta
os papéis
as cadeiras
e até mesmo o par de chinelos - os quais ele deixara para trás
estão espalhados pela casa
Despedir-se nessa tarde veloz
equivale a se afundar na vertigem do dia
pelos cantos da casa
nos quais sua ausência se consome em paredes
corredor
porta
janelas
E a saudade, numa simples vontade de se ter uma rede na varanda















À um grande amigo e irmão que acabara de dizer "até logo"

[junior ferreira]

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

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Morreram as formigas
os insetos que me incomodavam pela noite
e um besouro
Todos em minha mesa

Enquanto os insetos morriam
a cadeira
o livro de Sávio Lopes
o retrato de Elis
a robô de brinquedo
e a luminária
continuavam imóveis
parados
calados
como o resto da noite veloz
















[junior ferreira]

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

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Podemos ir voando
caso o chão esteja quente e não pudermos andar descalços
Quem sabe isso num domingo qualquer
num barquinho de papel
ou deitados na grama
lendo os nossos olhares
Fazendo com que cada parte de mim mesmo
se torne menos banal
mais intenso
diferente
voando em seus braços
feito uma borboleta
Não importa a hora
a cor
se é a pé ou a cavalo

Vem pra cama
Vem dormir














[junior ferreira]

domingo, 16 de fevereiro de 2014

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Joaninhas são machos
viris
ferozes
predadores vorazes
Só se disfarçam por detrás de sua casca avermelhada
para iludir a presa de sua delicadeza inexistente
Foi o que eu ouvi
entre todo aquele alvoroço
uma explicação de algo que talvez tentasse traduzir
a sua própria personalidade


















[junior ferreira]

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

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Fizemos tudo o que fizemos
e ainda somos aqueles que viveram antigamente
Estamos em harmonia com o nosso medo
e nossa dor
esquecemos que ja fomos alguém
adaptamos a nossa memória de acordo com cada necessidade
e nos tornamos tão banais
quanto fomos outrora













[junior ferreira]